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As rodas esfalfadas do encanecido skate relaxavam sobre a mesa fendida de madeira tatuada de amores começados, terminados (desamores), impossíveis, plausíveis e adormecidos.
Aconchegado nu entre a paisagem semi rural e semi urbana... Liberto do companheiro de jornada, era objeto de adoração de pequenas mãos e olhos perpetrados da visão xamânica:
Entre as iniqüidades humanas caminhamos céleres. Equilibristas do gueto, performáticos do asfalto, maratonistas estigmatizados por arranha-céus funéreos. Atingimos o agora com nossos próprios pés.
Cansados, batidos, até pelos próprios pensamentos subjugados... De formas infinitas, separados e abocados, em um curioso duo de imprecisões, contendas, sorrisos, com um lado impregnado daquele quê de amor manifesto.
Colombina, Arlequim, Pierro - somos todos, somos um, somos nenhum.
Por copiosas alvoradas, deitados de olhos bem abertos, do tudo ao nada, em gritos e sussurros. Regentes do nosso silêncio absoluto.
Ocasos infindáveis de tantos rostos fixados pelas brasas pueris, experimentando as pupilas pagãs, o Ragnarok das estrelas.
Lágrimas amarrotadas em algum colo fraternal por não impetrarem uma distância, marés frias da essência, afogadas na exultação de um reencontro.
Um espólio irrefletido, um erário arrebatado: abarcadas ruas de mãos dadas, letras nuas, braços dados sob a chuva, pernas agarradas, silêncio, um outro dia.
Consternado o peito, inominado sentimento, finda todo um provimento...
Segundos, minutos, horas (?) passados, e segue seu destino, o skate acabrunhado, deixando saudade da marcescível dor das ementas do cheiro de caramelo, da suavidade inigualável do carinho de mãe.