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O casal,
amantes de almas poéticas,
se reencontra,
depois de séculos de exílio.
A arte corre solta nas veias de ambos,
O encantamento pertence aos olhos
e as palavras dos dois.
Já foram Dragões!
Um escreve,
Outro recita.
Quem escreve silencia
Quem recita se repete.
Quem escreveu, se emociona:
Vejo tudo que escrevi quando recitas,
mas de outro lugar, e é ainda mais belo
Quem leu entre a dor do antigo desabrigo
E de uma sarabanda de emoções confessa:
Eu te Amo!
Apresento minhas profundas reverências ao direito impenetrável de se olhar para a mesma direção e poder, cada um, observar o mesmo de forma diferente! Ganhando vida e essência, apenas na retina de cada observador! Entendimento único!
Coisa alguma é absolutamente tua, minha ou de qualquer um que exista.
Cada caso, imagem, som só ganha vida pela acepção que ganha de ti, de mim ou de quem seja. O vulgar a um pode ser maravilhoso a outro, ou ainda imperativo e vice-versa.
Ao lhe proclamar minha verdade (unicamente minha), somente o teu dom é capaz de fazê-la inteira ou carregada de tantas dúvidas que pode nem ter valor.
Isso me deslumbra! Esse recinto aonde o outro aplica valor ao criado, falado ou concretizado.
Cada dia mais vivemos o costume do “eu”, “eu sou suficiente”, “eu me basto” e assim andamos rumo à futilidade e isolamento.
A cultura do individual nos furta nosso atributo humano, dotado de vontade, ausência e Ser.
A palavra do poeta recebeu outro sentido através da verbalização apaixonada de sua cumplice poetisa.
Era apenas autor, depois pôde ouvir a si mesmo, no encontro com o outro. E se tornou intérprete de si mesmo!
O verdadeiro nós (um eu e o eu do outro) onde a poesia virou Amor no escandir dos versos que o obrigaram a repensar o que foi dito por ele mesmo!
É no efeito que produzimos através do que falamos ao outro que somos forçados à renovação pelo aditamento do encontro maior.
Assim quando trouxe, do fundo das eras, do fundo dos tempos, do fundo do calabouço da alma, a confissão de meu sentimento (que só eu sei a intensidade, a veracidade) eu dei-te o direito de interpretá-lo, cultivá-lo ou descartá-lo.
Perante a minha sozinhez, ao vivienciar tuas palavras, auferi: Eu te Amo!