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Nesses dias de inverno, entre sol frio e tempestades,
Tão quietos, mudos, de fortes solavancos internos.
Mergulhados em uma espécie de transe,
Tudo ao redor torna-se um deserto no qual poderíamos nos debelar.
Mas, ao fecharmos os olhos, podemos rever
A primeira vez que sentimos,
A maciez angorá de nossas peles,
Derrubando as fronteiras
Entre um e outro, quando marcamos
Nossas almas a Ferro e Fogo!
Abraçados, implorando
Pelas carícias de um Passado tão Presente,
Querente, que pulsa forte nas veias, nossa heroína!
Com a voracidade dos que esperam uma vida inteira
Pelo instante de unir os lábios,
De olhar nos olhos até o final!
Depois, abraçados
Já não sabendo distinguir
Aonde começa esta realidade
Que veio das antigas realidades
Entre as cantigas de roda...
Corações outrora tão pacatos,
Agora à mercê das arritmias do destino
Teríamos mesmo nos beijado tanto, tantas vezes?
Nos entregado sem reservas com tanto ardor?
Com tanta querência?
Seguimos sucessivamente,
De olhos bem abertos, ressabendo o gosto,
A textura, a forma, a cor, cada dor, cada gesto,
Cada gemido, tudo que
Um com o outro é capaz de ser e sentir
Desde que marcamos a ferro e fogo nossas almas...