HOME
HOME
A Loba habita sua cova, desde que ela (a Loba) existe, desde a sua invenção. Ela não se lembra muito bem dos primórdios, esforça-se, mas recorda-se só de quando já era Loba, e já andava calejando os pés e o coração.. Há muito tempo, um tempo que passa diferente do Gregoriano, do Juliano, um tempo do Coração, da Alma, do Espírito... Calma, às vezes turbulenta, adormece e sonha em sua lájea fria....
Então, lá no centro do labirinto, que não se sabe ao certo, na Cova ou na Loba, existe uma passagem profunda, ao final uma gruta, que guarda segredos de muitas existências, fantasmas, dores de ódio e de amores, paixões, redemoinhos de vento, turbilhões, mistérios alheios, inconfessáveis, que só a Loba sabe, testemunha de tantos crimes que poderiam ter sido perfeitos...
A Loba enrola-se, espreguiça e revisita a gruta quando bem entende... Sabe onde está cada ponto, cada vírgula, cada história e cada sentimento de cada um que passou por ela, o cheiro, o gosto, de cada um por qual passou... A Loba é paciente, sabe ouvir quieta na penumbra e mais, mesmo sendo uivante, aprendeu a calar, ainda filhote, quando descobriu o valor do silêncio, do segredo, mesmo que essas palavras ainda não lhe fizessem sentido.
Além da Lua cheia seus olhos faíscam, injetados na escuridão. Num momento mágico ou trágico! Despertado pelas sensações sinistras, quando o coração se esborracha. A sobrevivência insurge da abertura dos tempos, a era puramente animal, visceral! A Loba é remetida ao seu início, a sua forma pura, antes do medo, antes da dor, antes das marcas de Ferro e Fogo. Um maremoto vertiginoso de cores, dores, espelhos voadores... Reflexos sem nexo...
Encontra-se consigo & contigo, no momento de vossas invenções: Shiva!
Antes que amanheça, adormece e sonha o que esquecerá ao despertar: a paz do reencontro de seres separados na Concepção no Caos, e tudo faz sentido... Não se lembrará de nada ao acordar, mas a paz de quem retorna para casa após a última batalha estará presente
A loba sente um quê de querer afagar, um desejo, um queimar de embaralhar a alma na tua alma...