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A Besta do Querer

O Princípio da paixão é ser fugaz.  Impetra finitude, ou o ser consome-se, acaba-se, ou o que dela permanece, não acabará, perpetuará e se manterá em um imperturbável desejo de constância, de querer mais, mais, mais...

 

 

Flutuando em meio ao furacão, injetando como a uma morfina indomável que cancela as estruturas da razão... Contando os minutos para ver, passando os dias atormentado com a falta. Aquelas horas que não passam, por não ser possível burlá-las com os benefícios da astúcia, abolidas sem dó nem clemência por um álcool que arde, arde, arde, queima  na fornalha do coração em non stop: DE SE JO!

 

Proceder a galope, em ritmo de tormenta, em singulares condições, faria com que não se tardasse a tombar da sela, tal o descontrole da besta! A tensão aplicada ao estribo, à rédea, instrumento de fortuna, iria dar com a boleadura, o esmagamento sepulcral.  Mas o que é o centro real contra a fúria do epicentro da Besta do Querer? Não se  pensa, logo, não  se existe! E Ana Carolina ecoou aos ouvidos: "Quis saber o que é o desejo, de onde ele vem, fui até o centro da terra, e é mais além".

 

Como esquecer as noites em claro, os dias no escuro, aquele rastejamento intrigante. Como esquecer que nos fizemos luz quando tudo foi sombra? Quiçá a benevolência do tempo, tempo, tempo, tempo – sempre o tempo – proporcionará uma acomodação pós-apocaliptica.

 

 

Para o bem e para o mal, 

fomos o tudo que se pode ser: 

amor, fogo, desejo, paixão, 

menos um meio termo, 

algo morno, insosso.!

 

 

Só saberemos o amanhã quando ele for ontem.  Mas o que temos hoje não é pouco, ao contrário, nos demos tudo! Uma entrega pura, incondicional, absoluta! Quantos poderiam dizer isso? Herança que não se corrompe. Nosso inalienável tesouro: Nosso Tempo, que nada há de tomar! Não conheci um encontro maior, sem arrependimentos, se deu com todos os sentidos, sem fugas, por inteiro, simplesmente verdadeiro!

 

 

Amamos loucamente!

O que, amor?

O que, loucura?

 

 

Extraordinariamente felizes, 

um amor que não caiu 

na vala comum dos amores, 

que não pediu, 

que não mediu, 

que não se repetiu...

 

Que só encontrei aqui, antes do dia amanhecer...