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Não me convém, agora, a Nostalgia.
Divorciei-me há anos da Loucura.
Abandonei desde o início o suicídio.
E agora, José?
Quiçá, Camões, cessando tudo que a antiga musa canta, me suscite uma saída, na insinuação da travessia do meu próprio ser.
Cobiço esse valor mais alto, que me agita dentro, por dentro, que me revira pelo avesso.
Não quero mais as permutas com a consciência, as charlatanices do olhar, as prestidigitações mirabolantes das mentiras e as agiotagens orais.
Almejo tomar aquele Bonde, cujo trilho ninguém sabe o comprimento, e ir até o fim desta linha chamada Desejo.
Anseio por esta verdade que não apenas rebela, mas inova, multiplica. Quero me expor sem meias-verdades/palavras, e se possível, sem cerimonias nem rituais. Então, penetrar no meu mais absoluto silêncio e ouvir os sons, uivos, ecos de tudo que vem de dentro.
Quero a pulsação, os batimentos, o movimento da vida.
Aspiro ser assolada pelo presente de tal forma, que o ontem seja apenas a passagem que me conduziu até aqui. Preciso da força mãe, da matriz, aquela que me diz sobre mim mesma, que aporta e vai, vai e acha, perde e encontra, acha e retorna, e indaga, e importuna e sua.
Simples assim: desejo o pretexto que ampare a palavra e o seu plural (Eu – Nós), no consentimento da provação de escutar todo o nosso silêncio e em seguida, sentir a magia rouca de todos os sons na busca de seus significados mais intensos.
E acontece, em algum momento, o tão inesperado (mas por eras marcado...) encontro, sensível ao mínimo toque, como o arrebatamento de um beijo inacabavel, de tal maneira coberto de magnitude, que conjura a nossa imortalidade.
Vem agora!
Segura na minha mão!
E eis que não cambalearás mais às escuras,
Como sucessivamente ocorria, quando navegavas à deriva em teus próprios ímpetos.
Vês como paras de rodopiar no mesmo, no imóvel, no infértil, no inóxio.
Cada passo pensamento é agora um infinito movimento!
E eis que passo, no reflexo dos teus olhos claros,
A conhecer O CAMINHO, através da bússola das estrelas...
Certos de que nunca mais nos perderemos!
Desde que acatamos nossas confissões, em um longo abraço no banco dos réus, não necessitamos, sinceramente de uma aclaração que fosse além da impressão de conformidade. E por hora esta é toda a nossa verdade...
Que poderá vir depois da saudade?
Que presente contaremos, então?
Para que futuro serão roubados nossos sonhos?
Um beijo, então...
Primeiro de leve e depois por todo nosso palato estrelado!