As visões me abordam, cada vez mais nítidas... mais intensas, mais reais, flébeis.
Refugiei-me em minha caverna e decidi reler desde as nossas primeiras linhas.
Antes que me percebesses, antes de milhares de palavras trocadas, passadas, jogadas, já tínhamos caído dentro um do outro. Pelo tempo incomensurável perambulei entre as sinuosidades do meu labirinto que cheirava o nosso cheiro: chocolate e a magia.
Deixei que as minhas mãos passeassem, meus lábios beijassem todos os caminhos expostos de tua lembrança, tentando a minha vontade, meu desejo ao tentar tua escolha.
Vislumbrei palavras em línguas que reconhecia e dezenas de outras que era incapaz de penetrar conscientemente, línguas de entrelinhas. Percorri nossos corredores e galerias em espiral povoadas de centenas, milhares de volumes sobre nós...
Atacou-me o pensamento de que atrás de cada uma das tuas palavras se abriria um universo infinito por explorar e transmutaria o teu mundo em muito mais que passar a vida em uma loja, tardes de futebol, noites de vídeo game, renderizações na madrugada, jantares estranhos, viagens insólitas através do history do Instagram. Contentando-se apenas em ver até onde tua mão alcançaria e pouco mais.
Talvez tenha sido aquele primeiro pensamento, ou a primeira revelação velada, talvez o nosso acaso, caso, ocaso, ou o destino, mas neste mesmo instante eu soube que já tinhamos escolhido um livro em comum.
Deito, viro, reviro, releio tua história, minha história, nossa história... ..
